Por volta de 1750, consta que 182 açorianos instalaram-se no continente fronteiro à Ilha de Santa Catarina, no fundo de uma enseada, onde o ancoradouro era utilizado por pequenas embarcações. Elas transitavam entre este povoado josefense, a localidade de Nossa Senhora do Desterro, na ilha de Santa Catarina, e outras comunidades próximas.
Os colonos da pequena Freguesia de São José da Terra Firme dedicavam-se especialmente à pesca, ao cultivo de lavouras de subsistências – plantando, inclusive, milho, mandioca, café e feijão – e à produção de cerâmica, sem descuidar dos hábitos religiosos. Assim, na paisagem da localidade, a imponente igreja sempre foi um marco significativo, dominando o cenário colonial. Céu, mar, vegetação, onde se destacam as palmeiras imperiais da Praça Hercílio Luz, que guarnecem até hoje o jardim central e a igreja matriz. Ao redor desse destacado panorama, a vista alcança o azul do mar e o exuberante verde dos morros.
O belo Centro Histórico está conservado; visto do alto dos morros circundantes, apresenta-se como espetáculo, onde as águas de São José vão encontrar-se com as de Florianópolis, na margem oposta da Baía Sul. Essa paisagem cultural é o resultado da ação humana à força da natureza.
Da vista panorâmica tomada do Morro do Bonfim pode-se imaginar a cidade de outros séculos. A vida seguia lentamente, como os barcos a vela, singrando as águas da baía. Na economia josefense, além dos produtos coloniais vindos pelas estradas do interior, destacavam-se a louça de barro, produzida por dezenas de oleiros do Caminho da Ponta de Baixo, que abastecia os comerciantes do Mercado em Desterro (Florianópolis) e outros pontos de venda, por meio do transporte marítimo. Só em 1926, com a inauguração da Ponte Hercílio Luz, que ligou a Ilha de Santa Catarina a São José por meio rodoviário, o transporte de louças de barro e outros gêneros passou a ser feito por via terrestre, por meio dos carroceiros.
Texto de Osni Machado e Eliane Veiga extraído do livro ‘São José – uma Cidade Imperial’, de José Cipriano da Silva (Florianópolis, 2013).