O bordado chegou até as sete Escolas Profissionais Municipais de São José, que hoje conta com 15 professoras e 625 alunos. Entre elas está a EP Campinas e o espaço conquistado pelas professoras de Bordado a Mão, Maria da Paz Ricardo Santos; Bordado a Mão e Macramê, Rosângela Machado Santos; e Bordado a Máquina, com Beatriz Schmitt. Essas três profissionais envolvem 219 alunos.
Em 2020/21, nas aulas on-line, elas têm apresentando uma variedade de técnicas e, com muita criatividade, fazem com que não ocorram desistências. Nos vídeos dinâmicos, elas incluem as tradições do passado e caminham em direção ao futuro, explorando também os caminhos do bordado livre, em composições com a pintura e a fotografia, conquistando os jovens.
A professora Rosângela revela que encontrou uma metodologia para ensinar as suas alunas nas aulas on-line. “A variedade de pontos que tenho oferecido a elas, dá autonomia para que cada uma encontre o melhor caminho para suas criações. O macramê também tem se destacado, com ideias para a decoração, nesse momento em que estamos mais dentro de casa”, afirma.
Entre os rapazes, o aluno Vairon Alexander Seemann, da EP Fazenda Santo Antônio, conta que sua vontade de aprender bordado à máquina se deve ao exercício da persistência e paciência. “Gosto muito de bordar flores e a minha produção é de uso pessoal e para presentear. Sou muito grato pela oportunidade de frequentar um local tão importante de qualificação, e fonte de renda para muitas pessoas”. Já o aluno Francisco Antônio Bruno Junior, da EP Candido Amaro Damásio, também tem preferência por bordar flores, mas já fez vários trabalhos em Richelieu. Hoje, a venda do que produz, ajuda muito no seu orçamento.
Para o Diretor da EP Campinas Luís Antônio de Aguiar, o bordado mexe com a vida das pessoas. “A decisão de aprender a bordar, faz com que algo se transforme, quando nos apresenta as belezas do que é possível desenhar com agulha e linha. A cada dia vemos os bordados se sofisticarem mais e mais. Novos pontos vão surgindo das mãos que sempre têm algo a dizer, com arte e beleza”.
A Coordenadora das sete Escola Profissionais de São José, professora Cláudia Márcia Muniz da Silva assinala que o trabalho artesanal nos faz sentir sabedores de algo autêntico, único. “As criações dos nossos alunos, nos fazem olhar com cuidado para as particularidades. Da combinação das cores e texturas, aos detalhes empregados. Fico emocionada quando penso, que todo esse conhecimento faz parte da história de cada uma dessas pessoas que procuram nas Escolas Profissionais do nosso município, essa oportunidade sem igual”, afirma.
A história do bordado
O bordado já foi associado historicamente às mulheres como um passatempo, ao mesmo tempo, algo como histórias transmitidas em segredo, por gerações, na convivência familiar. Foi na França que surgiu a palavra bordado, onde as bordas das roupas eram decoradas.
Na longa caminhada dos fios entrelaçados, descobriu-se entre relíquias do antigo Egito, o objeto bordado mais antigo que se tem conhecimento, 1300 anos a.C. Essa peça ornamental com complexo e minucioso padrão, assim como as manufaturas coloridas da cultura pré-colombiana, e a antiga técnica chinesa com fios de seda revelam outras possibilidades, para além do domínio feminino.
Em vários períodos da história, as modas influenciaram os bordados tradicionais, mas com o tempo, além de luxo e ostentação, se tornou uma marca de identidade. Muitos surgiram por questões práticas, como técnicas para o conserto de roupas, convertendo-se assim, em um legado muito valioso.
Com o advento da revolução industrial, as mãos pareceram desnecessárias para bordar, pela imposição das máquinas. Dessa forma, o bordado passou a fazer parte de uma longa lista de qualificações no entorno doméstico. Refletia os ideais femininos, como paciência, delicadeza, cuidado, entre outros predicados.
Texto original e fotos: professor Antonio Carlos da Silva, do setor de Comunicação & Projetos Educacionais da Secretaria Municipal de Educação de São José / Divulgação