A última semana foi de celebração entre os envolvidos no projeto Viva Koesa, que pretende revitalizar a rua mais charmosa do bairro Kobrasol, em São José. O projeto arquitetônico foi apresentado essa semana a lideranças políticas e empresariais locais em evento realizado no dia 26 de outubro na sede da Aemflo/CDL-SJ. A proposta segue agora para análise de viabilidade junto às equipes da Prefeitura de São José (SC). A implementação deverá se constituir em um marco para a cidade e estimular a reprodução desse conceito em outras regiões da cidade.
“A rua é o espaço mais humanizado de uma cidade. A Koesa merece transformar traços para permitir que a vida aconteça na rua. Neste projeto, a ideia é oferecer uma vida urbana com oportunidades. A ideia é reorganizar o espaço garantindo a mobilidade e a circulação de pessoas. O foco do trabalho foi o plano de chão que une o espaço público e os espaços comerciais”, descatou a arquiteta e urbanista Juliana Castro, titular da JA8 Arquitetura e Paisagem em sociedade com a engenheira Clarice Wolowski. Responsável pelo projeto Viva Koesa, a JA8 possui, em seu portfólio, projetos de destaque neste segmento, como o premiado Passeio Pedra Branca -shopping a céu aberto do bairro planejado Cidade Pedra Branca, em Palhoça (SC), inaugurado em 2013, que conta com a primeira rua compartilhada do país.
Entre as ações previstas para a Rua Koesa estão o aumento da largura dos passeios; o nivelamento dos cruzamentos; a revisão do sistema de pisos táteis; a inclusão de iluminação subterrânea; a reorganização dos elementos da rua (postes e placas); a criação de via para ciclistas; a inclusão de mobiliário urbano e vegetação, entre outras melhorias.
Um olhar para as pessoas e para os negócios
Coordenadora do projeto Viva Koesa, a vice-presidente de Assistência e Serviços da AEMFLO, Rosana Majolo, comemora o avanço da proposta. “As vias urbanas não deixam de ser um espaço vivo, de comunidade, de interação, e o que a gente faz é só trabalhar o ambiente para que ele seja muito mais favorável para que as pessoas possam usufruir”, explicou.
Em termos de tamanho, a Koesa é relativamente pequena, com seus 800 metros de extensão, mas aprsenta uma variedade de negócios e atrações bastante diversificadas, atraindo assim diferentes públicos. São contabilizados em torno de 160 empreendimentos, de variados segmentos, desde clínicas, escolas, bares, cafés e restaurantes, lojas, escritórios e prestação de serviços.
Em relação aos desafios de implantação, de acordo com Rosana, a consciência dos empresários e moradores em torno do projeto é o que se destaca “Nós temos um desafio pela frente que é quando começarem as obras. Estamos trabalhando muito bem isso com o empresariado”, admite. Segundo ela, além da iluminação pública, a rua contará com cabeamento subterrâneo também de internet, gás e água, o que exigirá a abertura da rua, que será, posteriormente, refeita. “Isso foi um grande desafio, com muitas reuniões para conciliamos as necessidades de cada um”, afirmou. Envolvido no projeto, o Sebrae/SC atuará na capacitação dos empresários. “O Sebrae terá a responsabilidade de ajudar as empresas a estarem preparadas para este novo momento”, ressaltou Wanderley Andrade, gerente regional do Sebrae/SC.
Referência para a região
Idealizado em 2019, a partir da união entre a AEMFLO, o Sebrae Santa Catarina, a Prefeitura de São José e empresários da Koesa, o projeto Viva Koesa foi desacelerado em 2020 por conta da pandemia, das eleições municipais e de alguns ajustes necessários de projeto para evitar possíveis problemas futuros.
No evento da última semana, a proposta foi muito bem aceita pelas lideranças presentes. Dentre elas, o prefeito Orvino Coelho de Ávila, a ex-prefeita Adeliana Dal Pont e a presidente da Câmara de Vereadores, Méri Hang. Para o presidente da AEMFLO e CDL-SJ, José Marciel Neis, a proposta apresentada é uma inovação. “É um projeto diferenciado para a nossa região”, descreveu. Segundo ele, as entidades estão à disposição para viabilizar os recursos para a obra. “Quando vemos o esforço, nos mobilizamos para ajudar”, disse Neis.

Entrevista
Saiba mais sobre o Viva Koesa na entrevista a seguir com a vice-presidente de Assistência e Serviços da Aemflo, Rosana Majolo, coordenadora do projeto:
Revista Freguesia CULT – Qual foi a motivação e de quem foi a iniciativa de criação do projeto Viva Koesa?
Rosana Majolo – No final do ano de 2019, decidimos apoiar um projeto de revitalização de ruas, de espaços urbanos. Levantamos algumas opções, como a Leoberto Leal, em Barreiros, a Koesa, a Central do Kobrasol… enfim, alguns ambientes da cidade de São José que poderiam ter esse impulso a partir da AEMFLO, de metodologias empregadas. E, então, tivemos uma boa acolhida dos empresários da Koesa.
Então, na verdade, partiu de um incentivo da Aemflo e, depois, buscamos a parceria do Sebrae, da Prefeitura. Chamaos os empresários da Koesa para uma primeira reunião, grupo formador de opinião perguntando o que eles achavam de trabalhar nesse sentido. Eles foram bem favoráveis, e começamos a articular um movimento a partir dos empresários. Foi essa união da Aemflo, Sebrae, Prefeitura e empresários – que são os quatro pilares do projeto. .
Revista Freguesia CULT – Quais as premissas do projeto e quais são os principais destaques?
Rosana Majolo – Quando começamos a conversar sobre isso, sobre revitalização, eu, como profissional, acompanhei o projeto da rua Vidal Ramos, em Floripa, a de Rio do Sul e a de Itajaí. Então, eu tinha um pouco de conhecimento de como isso acontece, mas o principal é um olhar voltado para as pessoas e para os negócios, porque as vias urbanas não deixam de ser um espaço vivo, de comunidade, de interação. A gente trabalha o ambiente para que ele seja muito mais favorável para que as pessoas possam usufruir. Essa foi a principal premissa, um ambiente voltado para as pessoas da região toda, da cidade, que possam caminhar tranquilamente, que tenha acessibilidade, que seja um local vivo, por assim dizer, de dia e também à noite, que seja um ambiente seguro. Mas a premissa principal é que a rua seja voltada para as pessoas.
Revista Freguesia CULT – Qual o “tamanho” da Koesa hoje? Qual o perfil da rua?
Rosana Majolo – Em termos de tamanho, a Koesa tem mais ou menos 800 metros. É uma via curta. Não temos a quantidade exata de negócios atualmente, porque houve o surgimento de novos empreendimentos, salas comerciais, que não estão todos mapeados. No início, mapeamos 160 empresas na época, para iniciar esse projeto, o que é bem interessante, e com um mix bem diversificado.
Temos ali escolas, escolas tradicionais como Dom Jaime, Gardner, negócios de saúde. É incrível, porque a gente vê a Koesa como gastronomia, mas temos ali a Clínica Imagem, a Click, a Clínica do Aparelho Digestivo, agora a dos olhos. Temos esse nicho, que seria o maior, que é o de saúde. Depois nós temos um nicho de educação, que engloba essas escolas que eu mencionei, mas a gente tem auto escola, escola de música, escola de inglês, escola profissionalizante ali da área de estética. Temos também a gastronomia que é bem bacana, inclusive com casas noturnas, restaurantes, hamburgueria, sushi, cervejaria – é bem múltipla. E temos o comércio varejista e também a prestação de serviços que são os escritórios, ali nos prédios. Isso é muito bacana, porque, assim, é um público muito diversificado que vem para uma consulta médica e já tem um café para fazer um lanche, uma loja para comprar um vestuário.
Revista Freguesia CULT – Quais os desafios já enfrentados para implantação?
Rosana Majolo – Quanto aos desafios de implantação, acho que a consciência dos moradores e dos empresários em torno de um projeto foi um desafio que a gente foi pensando sobre isso, sobre as mudanças. Nós temos um desafio pela frente que é quando começarem as obras. Estamos trabalhando muito bem isso com o empresariado, porque assim, vai abrir rua, a coisa vai ter todo cabeamento subterrâneo. Vamos mexer em toda a rua – aqueles postes vão deixar de existir …
A gente tem que ter uma estrutura muito boa de lógica, internet. Então, a telecom toda foi chamada para conversar. Eu acho que um dos desafios foi conciliar tudo isso nessa questão de fazer cabeamento subterrâneo, pois temos a Casan, a Celesc, a SC Gás. O gás hoje chega do outro lado do shopping – não está na Koesa. Eles já têm um projeto pronto para trazer todo o gás para o lado da Koesa. Então, imagina passar tudo isso por debaixo da rua para deixar a rua bonita – isso foi um grande desafio, reuniões de conciliar as necessidades de cada um. E a pandemia também nos mostrou a necessidade de ter uma lógica boa. Outro desafio de projeto foi criar ambientes para acesso fácil a esses túneis subterrâneos, para manutenção dessa estrutura.
Na parte visual, arquitetônica, a J8, a Clarisse e a Juliana acertaram em cheio. Tivemos um escritório muito bom, que fez o Passeio Pedra Branca, o Passeio Primavera, então a gente estava em boas mãos. E elas conseguiram traduzir o desejo dos empresários nesse sentido. Nós tivemos o desafio de que vai reduzir vagas de estacionamento na via, mas nós temos muitos empreendimentos oferecendo estacionamentos no entorno. Então, o desafio de estacionar, de deixar as vagas para os clientes, foi uma outra conscientização e temos trabalhado nesse sentido. No momento que começarem a obra, teremos outro desafio, mas vamos tentar trabalhar bem em sintonia com os empresários. Acredito que o que mais demorou foi essa conciliação de todo esse pessoal, essas empresas, esses prestadores de serviço que vão usar a parte subterrânea da via.
Revista Freguesia CULT – Qual a expectativa de vocês em relação à inauguração?
Rosana Majolo – Eu não tenho como falar em datas. Estamos vencendo, a cada ano, uma etapa. Estamos terminando os projetos, superamos essas negociações, o poder público conseguiu colocar essa obra no orçamento e agora o nosso próximo desafio são as licitações. Então, estamos fazendo reuniões com os engenheiros, com a equipe da prefeitura para que, quando a licitação for para o ar, ela vá bem redondinha, de ocorrer dentro dos prazos legais, de não ter nenhum empecilho. Só vamos ter datas, enfim, a partir desse momento de licitação.
Entregamos tudo pronto, com orçamento, escopo de licitação, no final de outubro. Eu acredito que a prefeitura precise de uns 30 a 60 dias para organizar essa licitação, que não sei se sai esse ano. Mas a prefeitura está junto nas reuniões e vai tentar que seja o mais rápido possível.
Revista Freguesia CULT – Qual a importância dessa iniciativa para a cidade? Vocês já pensam em repetir esse projeto em outras regiões de São José?
Rosana Majolo – Eu acredito que vai ser um grande marco. O projeto está muito bonito, os empresários estão unidosa. A gente brinca muito no nosso grupo de reuniões que é um grupo coeso né, #coeso – às vezes a gente brinca: “coeso com K”. Tem um envolvimento de todo mundo que está vivendo isso. Vai gerar um novo olhar para a cidade de São José, vai trabalhar a autoestima da comunidade local, vai estimular em outras vias, em outros locais esse mesmo movimento, e vai transformar, passo a passo, a cidade.
É como se fosse um novo ponta a pé na transformação da cidade de São José, que é uma cidade muito bacana. Acho que tem boas coisas vindo. Acho que a beira-mar precisa de uma atenção, e acho que a Koesa pode alavancar muitos projetos. Enquanto Aemflo/CDL, a gente pensa sim em apoiar esse movimento, a partir da Koesa se tornando realidade. Estamos dispostos a abraçar outras regiões da cidade, fazer essa articulação, trazer todo mundo para o diálogo, para conversa, para fazer outro, outros projetos. Acreditamos muito que isso traz desenvolvimento, movimenta a economia, acaba trazendo fluxo de compradores de fora, o que é bem legal para o desenvolvimento econômico como um todo.
Com informações da Aemflo/CDL São José